Luto é só a perda de um ente querido?

Quando se fala a palavra “luto”, muitas pessoas imediatamente relacionam a perda de alguém pela morte ou a alguém que está sofrendo porque perdeu um ente querido. Mas o luto vai além disso, ele é a reação da pessoa a perda de alguém ou algo com valor emocional, podendo ser a perda de um ente querido, a perda de um relacionamento, a perda de um animal de estimação, a perda de um emprego ou um objeto. Pode haver luto também nas mudanças de fase que passamos pela vida, como por exemplo, quando saímos da infância para a adolescência e tudo o que precisamos deixar para trás para viver essa nova fase da vida pode gerar um processo de luto, e isso é normal.

O luto é a reconstrução e a reorganização da pessoa que perde um desafio que todos nós vamos enfrentar em algum momento. Esse luto vai ocorrer de acordo com a carga emocional do que foi perdido, com o investimento emocional que foi colocado naquilo que possuía e foi perdido e com a capacidade da pessoa em lidar com as frustrações.

O que é necessário entender é que seja lá qual for o motivo pelo luto, ele precisa ser respeitado e acolhido, para ser vivido de maneira saudável. Inibir ou coibir uma dor não vai fazer com que essa dor deixe de existir, em algumas situações pode fazer com que deixe de ser um processo natural e passe a ser um processo adoecido. Precisamos entender que cada pessoa tem o seu tempo e forma de viver o luto, pois é algo muito individual, alguns choram outros não, alguns buscam o isolamento outros não, ou seja,  não existe uma regra para o luto. Temos sim limites e condições que, quando passam a causar prejuízos para a vida da pessoa em luto, precisam ser avaliadas por um profissional, buscando entender se está sendo um processo natural ou se já ultrapassou e se tornou um adoecimento.

A elaboração do luto se dá através do sentir, temos uma dor causada pela perda e é preciso sentir essa dor.  Nesse processo, quem está vivendo o luto precisa de espaço para sentir e expressar a dor, as emoções e as angústias; o sofrimento vivido vem dos questionamentos que a pessoa tem.

Nesse ponto, a psicoterapia é grande aliada, pois através da escuta atenciosa e acolhedora, a pessoa encontra um lugar seguro, sem julgamentos, para falar e pensar suas dores, questionamentos e tudo que está envolvido nesse processo. Com ajuda profissional, a pessoa tem a parceria necessária para viver essa dor em segurança, para que o luto ocorra de maneira natural e assim possa ser devidamente elaborado, se tornando mais uma oportunidade de amadurecimento emocional.

Viver o luto é normal, saudável e necessário para o ser humano e se permitir sentir é importante para entender, elaborar e dar um novo sentido a esse sentimento.

Caso você que está lendo esse texto esteja passando por essa situação ou conheça alguém nessa condição, procure um profissional em saúde mental, será de grande importância contar com um profissional especializado para auxiliar nessa caminhada.

Patricia Monica Fonseca Machado de Araujo

Psicóloga

CRP: 05/73882

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Fonte:

FREUD, Sigmund, 1856-1939, Introdução ao Narcisismo: ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916), Sigmund Freud, tradução e notas Paulo César de Souza, São Paulo, Companhia das Letras, 2010.

Esse texto é informativo, não substituindo a necessidade de um acompanhamento profissional.